O lixo orgânico como alternativa para reduzir as emissões de gases do efeito estufa
Você sabia que dispor restos de alimentos, podas de árvores e outros rejeitos orgânicos em aterros sanitários aumentam as causas do efeito estufa? Esses resíduos vão parar nos lixões e o chorume, que é a parte líquida e tóxica do lixo, contamina o solo e consequentemente a água nos lençóis freáticos. Segundo o IPCC – Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, a decomposição desses resíduos no ambiente gera gás metano, com potencial de aquecimento global 25 vezes maior comparado ao dióxido de carbono.
A boa notícia é que nós temos papel fundamental nesse processo e podemos contribuir cuidando do nosso lixo orgânico em casa. Uma alternativa é transformar os resíduos em adubo, dessa forma evitamos que os alimentos vão para os lixões, onde se decompõem anaerobicamente (sem a presença de oxigênio), o que causa o mau cheiro e atrai animais, propiciando um terreno “fértil” para o desenvolvimento de bactérias e fungos.
Sobras de alimentos como cascas de ovos, talos de vegetais, frutas estragadas, borra de café são fontes de nutrientes para os jardins, vasos e hortas. O processo de transformar os restos de alimentos em insumos para a terra chama-se compostagem, um processo natural de decomposição da matéria orgânica, transformando-o em fertilizante natural.
É simples construir sua composteira em casa e começar a contribuir com o meio ambiente, e não requer muito espaço.
Passo a passo:
- Você precisará de três caixas de plástico empilhável com tampa (caixa de 15 litros serve para uma casa com uma pessoa; caixa de 28 litros para duas pessoas; 39 litros para quatro pessoas ou uma caixa de 60 litros para seis pessoas);
- Faça pequenos furos nas duas primeiras caixas (esses orifícios permitirão a travessia das minhocas e escoamento dos líquidos);
- Faça também, com a broca fina da furadeira, pequenos furos nas tampas das caixas, para garantir a oxigenação;
- Faça um furo maior no canto inferior da caixa que ficará embaixo, onde será acoplada uma torneira por onde sairá o líquido, podendo ser diluído com água e utilizado para regar as plantas. É um ótimo “biofertilizante”;
- Nas duas primeiras caixas digestoras (a superior e a do meio), coloque cinco centímetros de terra;
- Coloque minhocas até cobrir toda a superfície;
- Coloque o resíduo orgânico na caixa digestora de cima, sempre cobrindo com material vegetal seco (serragem, folhas, grama, palha seca). Assim que ela encher, passe a colocar os resíduos na caixa do meio.
Fonte: Morada da Floresta
Em média, cada caixa é preenchida em um mês, quando é possível retirar o húmus e utilizá-lo como adubo. Mantenha sua composteira em local protegido do sol e da chuva.
Dica – Construa sua composteira com as crianças, além de terem contato com a terra já começam a entender o processo de transformação do lixo em matéria prima.
Saiba o que descartar em sua composteira:
- Frutas, legumes, verduras, cascas e talos, grãos, sementes, saquinhos de chá, erva de chimarrão, borra de café; casca de ovos;
- Sobras de alimentos cozidos ou estragados (em pequenas quantidades);
- Folhas secas, palha, serragem não tratada (sem verniz), podas de jardim;
- Palitos de dente e de fósforo;
O que não descartar:
- Frutas cítricas (podem alterar o PH da terra);
- Carnes, leite e gorduras;
- Pães e bolos (decomposição lenta e atrai animais);
- Alho e cebola (também causam alterações no minhocário);
- Arroz;
- Fezes de cachorros e gatos;
- Papéis de revistas, jornais e de impressão (possuem elementos químicos);
- Serragem de madeira com verniz;
- Carvão vegetal;
- Plantas doentes
No Brasil são produzidos, diariamente, cerca de 230 toneladas de lixo, os quais 60% é composto por resíduos orgânicos, dado que mostra a vulnerabilidade de nossos lixões e a forte ameaça de contaminação do solo e água. Além da compostagem que poupa a emissão de 60 quilos de gás carbônico na atmosfera, segundo a Abrelpe – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, é possível utilizar esse resíduo para gerar energia limpa e renovável.
Lixo como fonte de energia
Resíduos orgânicos como lenha, bagaço da cana de açúcar, casca de coco e outros são considerados como nulos em emissões de gases do efeito estufa. Segundo a Aneel – Agência Nacional de Energia Elétrica, eles possuem em sua composição a biomassa, uma alternativa às fontes de energia não renováveis, que dependem dos combustíveis fósseis. E, proporciona vantagens como: baixo custo de aquisição, não emissão de gases que contribuem para o efeito estufa, menos agressiva ao meio ambiente, pode substituir os combustíveis derivados de petróleo como a gasolina e o óleo diesel.
Com informação, disposição e responsabilidade é possível fazermos a diferença!
Fontes: UNICAMP, IPCC – Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, Abrelpe – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais,IBGE; Ecycle e Morada da Floresta.
